humanizando

se dúvidas houvessem sobre a qualidade do projecto encetado pelos ‘humanos’ elas ficaram definitivamente encerradas. a confirmação em espectáculo ao vivo superou o acontecimento que foi já o lançamento do registo das ‘novas’ músicas de antónio variações
antónio variações ‘vive’ através dos humanos, e os humanos a partir de variações dão autênticos vivas à música portuguesa. e a música de variações é o ser português, variações canta o seu portugal, variações canta o portugal: a música impregnada de uma certa modernidade simultaneamente que capta sons e melodias característicos da música popular portuguesa numa simbiose extraordinária, aliada à forte e sentida presença das letras que são realmente mais do que simples palavras para serem cantadas gratuitamente, e todas elas reflectem um olhar, um pensamento e um sentir sobre variações, sobre a vida, sobre o amor, sobre a saudade, sobre portugal
estou além lembra um pouco o espírito sebastianista ou saudosista e/ou a inquietação natural de quem não se resigna, ou então de quem não é capas dos pequenos grandes gestos, mas teima nas grandes pequenas obras e projectos. já a música é pr’amanhã dá azo ao estereótipo da ‘preguiça nacional’, relembrando a baixa produtividade nacional… ou então a passagem dos anos em rugas, ou ainda a alegria da aventura do amor em gelado de verão, ou as incidências do relacionamento em amor de conserva, e outros tantos como o corpo é que paga, ou os recentes mudar de vida e maria albertina.
a tudo isto ‘os humanos’ deram vida de corpo e alma com uma entrega excepcional num espectáculo memorável que conquistou a assistência desde os primeiros acordes. a sala a abarrotar transbordava de alegria e sentia um desejo enorme de romper com os ditames impostos pela rigidez dos lugares sentados (o único senão). As pessoas vibravam, saltavam, entoavam os refrões, e tudo apesar das cadeiras. o público queria mexer, dançar, enfim, a música pedia e o público ansiava pelo verdadeiro arraial.
não há realmente palavras para descrever a forma completamente arrebatadora com que os músicos estiveram em palco, já para não falar no magnífico trabalho de base que consistiu na feitura do álbum que serviu de suporte para o concerto. há contudo espaço e palavras para destacar camané, talvez o mais ‘sossegado’ ou ‘tímido’ deles todos, com aparições quase estáticas em palco, mas com uma pujança e uma força nunca vistas dando voz às palavras, que só se pode dizer que enfrentou o ‘touro pelos cornos’ e assumiu-se mesmo como o mais variações dos humanos. a manuela azevedo, como sempre a mais movimentada, transmitindo toda a energia que a música carregava numa genica única como só ela consegue
sobre o alinhamento, camané abriu e encerrou as hostilidades, cantando antónio, um tema inédito de variações, e o popular e freneticamente remisturado é pr'à amanhã. pelo meio as músicas que fazem parte do álbum entrecortadas por recuperações de êxitos de variações como anjo da guarda, estou além, o corpo é que paga e estava eu a pensar agora em ti.
houve ainda tempo e espaço para a interpretação de quatro temas de outros autores, que segundo o grupo tinham a ver com o universo de variações ou com a música que ele fazia: flores dos brasileiros titãs, hardocre (1.º escalão) dos portugueses gnr (clicar aqui para ouvir), oh my love de john lennon e this town ain't big enough for both of us dos americanos sparks.
para quem perdeu resta a oportunidade anunciada da actuação no sudoeste e a mesmo para quem esteve lá, a edição prevista em dvd… venha ela que já tarda…
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