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improvement makes straight roads, but the crooked roads without improvement, are roads of genius. william blake <>if music be the food of love, play on… William Shakespeare
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Ele há coisas na vida que realmente são regeneradoras e que aguçam a criatividade. Por isso, e a pedido de várias famílias, e como parece que isto já vai sendo quase que uma colecção de 'cromos' aqui vai o registo / inventário do nick camaleão...

PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A 'BUSCA DE SOLUÇÕES' EM DETRIMENTO DA 'ESPECULAÇÃO'?

JÁ AGORA: PODE O GOVERNO, A CM DE ESPINHO E A REFER SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS E PROJECTOS SOBRE O 'ENTERRAMENTO DA LINHA FÉRREA NA CIDADE DE ESPINHO'? CLICAR AQUI PARA SABER MAIS

04 agosto 2005

óh sr. soares desapareça!

sobre a despropositadíssima pré e futura candidatura de mários soares e suas movimentações, este artigo de francisco josé viegas, no jornal de notícias de hoje é de leitura imprescindível

já agora, numa das suas várias 'cortes' descentralizadas em jeito de vá para fora cá dentro (leia-se presidências abertas), soares exaltou-se contra um senhor agente de polícia que apenas cumpria a sua função, dizendo-lhe: óh sr. guarda desapareça!

e então não é que este mesmo sr. soares não se enxerga? apetece mesmo dizer-lhe: óh sr. soares desapareça!

período de reflexão

na terça-feira, o presidente da república recebeu dois putativos candidatos a belém, ou seja, a ocupar-lhe o cadeirão. cavaco e soares foram a belém. a visita de soares foi anunciada com antecedência. a de cavaco não foi anunciada. a de soares teve direito à presença do próprio diante das câmaras; a de cavaco, pelo fresco da manhã, foi conhecida apenas depois de soares sair de belém. cavaco foi a belém falar com sampaio; soares foi a belém "para ouvir o presidente". para os apoiantes de soares, como o vítor ramalho, as duas visitas traduzem personalidades opostas. nada mais exacto. ramalho diz que cavaco foi a belém em silêncio porque é uma personalidade mais comedida; e que soares, pelo contrário, faz as coisas "à vista de todos". nada mais inexacto. soares faz à vista de todos o que lhe convém, razão porque as duas visitas a belém resultaram numa espécie de ko técnico de cavaco sobre soares, e num ko absoluto de sampaio sobre a tentativa de soares comprometer o presidente no seu "período de reflexão". fiquei surpreendido e não esperava tanto; sampaio foi corajoso e claro. não deu ponto sem nó recebeu soares mas, depois, disse que já tinha recebido cavaco. aliás, o "período de reflexão" de soares é a coisa mais caricata que já se viu. primeiro, ludibriou manuel alegre. depois gritou, em surdina (mas gritando), para o país: "senhores, estou em período de reflexão."como se dissesse: o país deve calar-se, não deve dirigir-me a palavra com perguntas incómodas, passem a andar em bicos de pés, não arrastem cadeiras nem assobiem nos corredores; estou em "período de reflexão". nunca se viu reflexão mais barulhenta nem mais sonoro abrir e fechar de portas, com o estrondo de um vulcão. a ideia seria excelente: que o país assistisse, de bruços, à reflexão do velho presidente, que decidiria, no meio desse rumor expectante, se regressa para pôr em sentido a direita e para disciplinar a esquerda, "unindo os portugueses". o país acordaria para comprar os jornais à procura da decisão de soares nas primeiras páginas, assistiria aos telejornais, ansioso por perceber se soares já terminou a sua reflexão e se tinha, ou não, conseguido o apoio de empresários, académicos, banqueiros e artistas de teatro. depois todos gritaríamos, em uníssono, "soares é fixe" e partiríamos para os arraiais de campanha. durante 15 dias, um mês, o país ficaria suspenso, nos areais do algarve ou em luminosas esplanadas do minho, aguardando o desenlace desse "período de reflexão". e, sentado numa varanda, à sombra, contemplando mapas, sondagens, rodeado de telefones e de blocos de apontamentos, com o lápis atrás da orelha, com suspensórios estivais, soares decidiria o que fazer com este país que periodicamente ensandece mas que, chamado à pedra, demonstra que o não esquece, cheio de gratidão. é exactamente isto que não pode acontecer. não é por si, dr. soares, que me merece respeito e seriedade: é pelo país, que precisa de crescer e de deixar de depender de todos os pais e padrinhos. o senhor, dr. soares, admito, gosta do país. tem por ele, até admito ainda, uma inestimável e diabólica ternura. por isso mesmo, deixe-o crescer. deixe-o cometer disparates. eu sei que a maioria absoluta de josé sócrates é capaz de ser um problema para o senhor. mas nós, portugueses, somos assim, incompreensíveis e idiotas: tanto o elegemos a si, para manifestar a nossa inteligência, como damos maiorias a cavaco e a sócrates para exibir a nossa incompetência. somos um caso perdido. reflicta sobre isso, entretanto.

francisco josé viegas escreve no jn, semanalmente, às quintas-feiras