nem mota, nem montenegro

texto da autoria de josé carlos neves pereira, publicado na secção do 'correio do leitor' na edição de 29 de setembro do jornal defesa de espinho

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de há uns anos a esta parte que tenho sido um apoiante, ao nível autárquico, do ps e do senhor josé mota. no entanto, e após ter contribuído com o meu voto para a eleição do actual presidente da câmara de espinho, tenho verificado que de alguma forma se tem instalado uma atitude comodista, situacionista e acomodada, que tem levado ao imobilismo que vem caracterizando o concelho de espinho face aos concelhos vizinhos.

julgo ainda que o actual presidente da câmara de espinho, o senhor josé mota, já se encontra há tempo demais a gerir os destinos deste município, aliás, estando prestes a concluir 12 anos, e candidatando-se para mais 4 anos. esta recandidatura não me parece nada saudável, numa perspectiva de renovação dos quadros políticos dirigentes. aliás, contraria inclusive a vontade inequívoca do ps nacional que pretende limitar o número de mandatos dos titulares de cargos eleitos. ora, não posso deixar de estranhar que defendendo o ps nacional a limitação de mandatos, venha depois aceitar a recandidatura de militantes seus a cargos que já ocupam há 3 mandatos.

por estas óbvias contradições do ps, que não posso aceitar, mesmo tendo votado desde sempre neste partido, e dada a situação em que se vai encontrando o concelho, entendo que é então chegado o momento de provar que deve existir alternâncias e alternativas de poder, apostando na mudança.

desta forma, assumi como possível solução de mudança, a actual coligação candidata aos órgãos autárquicos de espinho, denominada por ‘juntos por espinho’, e encabeçada por luís montenegro.

no entanto, aquela que à partida me parecia como a solução imediata e óbvia, também não se afigura merecedora de apoio, senão atente-se, por exemplo no seguinte: o país encontra-se numa grave crise, em que não há dia que passe em que o governo da nação não nos diga que vivemos tempos de apertar o cinto. o senhor luís montenegro, candidato à presidência da câmara de espinho, é actualmente deputado à assembleia de república, e certamente estará consciente das dificuldades que o país vive.

mas, ciente dessas dificuldades o senhor luís montenegro omite-as na actual campanha eleitoral orquestrada para as próximas eleições apresentando uma campanha caracterizada por um despesismo imensurável, com imensos cartazes, que aliás parece que de dia para dia são diferentes, em colecções sucessivas de cromos; e com arraiais populares à moda do antigamente atrás do engodo do modesto povo.

ora, por aqui também se vê que esta candidatura não se assume com uma alternativa viável, porquanto cheia de contradições: o senhor luís montenegro enquanto deputado na assembleia da república é uma pessoa, e enquanto candidato à câmara de espinho é outra? e se um candidato é assim capaz de um desperdício brutal de recursos numa campanha, não o será capaz de uma gestão municipal também ela caracterizada pelo despesismo inconsequente?

por estas e outras razões, entendo que é momento de deixar de lado estes partidarismos e olhar para outras forças, que não partidárias, mas afirmadoras das capacidades de actuação e de participação de um conjunto de cidadãos, que se propõe bater por outras posturas que não se enquadram nestas tricas e contradições partidárias.

é por isso que nestas eleições, vou mudar o meu sentido de voto, e vou apoiar o movimento independente força espinho.
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