inconsequências

amalia (maría alche) vive em la ciénaga com a mãe helena (mercedes morán), divorciada e atraente, e com o tio freddy (alejandro urdapilleta), no hotel termas, gerido por familiares. frequenta os ensaios do coro da igreja, e a catequese onde as ‘raparigas’ são instruídas na fé e na vocação.
certo dia, aglomera-se na rua um pequeno amontoado de pessoas para ver um homem a tocar thereminvox, onde se encontra amalia. no meio da ‘multidão’, amalia é abordada sexualmente por jano (carlos belloso), um médico que se encontra instalado no mesmo hotel no âmbito da participação num congresso, que se pressiona despudoradamente contra a jovem em plena rua.
amalia, uma jovem na adolescência, vive entre o seu anseio do chamamento de deus, aguardando a atribuição divina da sua missão na terra, e o despontamento e apelo do desejo sexual, e passa o tempo debitando orações como se estivesse a trautear as letras das músicas do seu grupo favorito.
na sequência do episódio ocorrido, amalia chama obsessivamente para si a tarefa ‘santa’ de ‘salvar este homem’, passando a seguir os seus movimentos, sem que inicialmente jano se dê conta, entretido que está em prestar a sua atenção em helena, por quem nutre uma determinada atracção, e que esta vai desfrutando sem esperanças, dado o médico ser casado e ter filhos.
no meio desta teia de sentimentos, apelos, obsessões, atracções, e avanços inconsequentes, é servida uma história distante dos personagens, fria, sem julgamento, sem tomar partido, sem ir em frente, sem afirmar a acção, sem consequência…
está lá tudo, desde a sexualidade, a paixão, os dilemas da religião e da fé contrabalançados com a ciência e a descrença, e ainda assim esfuma-se tudo sem concretização, inconsequente…
a rapariga santa / la niña santa (2004)
lucrecia martel
com base em: rita almeida
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