um mundo perfeito

um mundo perfeito é aquilo que cada um de nós, mesmo sem o saber, procura incessantemente, explicita ou implicitamente.
um mundo perfeito é um dos raros filmes que me levou, de forma sentida, duas vezes ao grande ecrã.
um mundo perfeito relata a história de um criminoso, butch (kevin costner), que foge da prisão, e que pelo caminho rapta uma criança, phillip (t.j. lowther).
um mundo perfeito é menos um tradicional policial em busca da detenção do criminoso, mas antes um exercício derivativo e eminentemente trágico, carregado de simbolismos nostálgicos, não do que se viveu, mas do que efectivamente não se viveu.
um mundo perfeito é assim uma busca dolorosa assente no estabelecimento de uma relação profunda entre os dois personagens, um adulto e uma criança, que ambos buscam em si e no outro o apagar da ferida que lhes mói, e tentam refazer ou reconstruir, na medida do possível, a relação de cada uma das personagens com o respectivo pai.
um mundo perfeito é feito dessa dupla e cruel redenção dos seus personagens: butch imaginando em phillip o filho que ele não pôde ser e simultaneamente agindo como o pai que gostaria de ter tido; e phillip amplificando através de butch o pai que não conhece e que sempre esperou
um mundo perfeito é uma obra prima de eastwood, afirmando a sua mestria numa condução contemplativa da trama, com um contenção primorosa, que lhe confere extraordinariamente uma tensão permanente no sentido de um carácter de evolução para um final trágico
um mundo perfeito é, por tudo isto, um filme intenso que percorre toda a trama entre aquilo que é o bem ou mal, e no fundo, toda a relatividade associada a essa dicotomia, mas…
um mundo perfeito é mais do que o bem e o mal, é uma miríade de infinitas combinações:
sally gerber (laura dern): you did everything you could. you know that.
chief red garnett (clint eastwood): i don't know nothin'. not a damn thing.
um mundo perfeito (1993)
clint eastwood
canal axn
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