improvement makes straight roads, but the crooked roads without improvement, are roads of genius. william blake <>if music be the food of love, play on… William Shakespeare
.
Ele há coisas na vida que realmente são regeneradoras e que aguçam a criatividade. Por isso, e a pedido de várias famílias, e como parece que isto já vai sendo quase que uma colecção de 'cromos' aqui vai o registo / inventário do nick camaleão...

PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A 'BUSCA DE SOLUÇÕES' EM DETRIMENTO DA 'ESPECULAÇÃO'?

JÁ AGORA: PODE O GOVERNO, A CM DE ESPINHO E A REFER SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS E PROJECTOS SOBRE O 'ENTERRAMENTO DA LINHA FÉRREA NA CIDADE DE ESPINHO'? CLICAR AQUI PARA SABER MAIS

05 novembro 2005

cartoon d'or



cartoon d’or 2004

concert for a carrot pie
heiki ernits, janno pöldma
11’ 37’’, estónia, 2002

fast film (vencedor do cartoon d’or 2004)
virgil widrich
14’, áustria/luxemburgo, 2003

la révolution des crabes
arthur de pins
4’50’’, frança, 2004

l'inventaire fantôme
franck dion
9’ 44’’, frança, 2004

through my thick glasses
pjotr sapegin
13’, noruega, 2004


cartoon d’or 2005

city paradise
gäelle denis
5’ 58’’, reino unido, 2004

falling
peter kaboth
5’ 58’’, alemanha, 2004

flatlife
jonas geirnaert
11’, bélgica, 2004
prémio do júri para melhor curta-metragem no festival de cannes

jo jo in the stars (vencedor do cartoon d’or 2005)
marc craste
12’, reino unido, 2003

little things
daniel greaves
11’, reino unido, 2004

uma iniciativa cineclube de aveiro
mais informações

cartoon d'or
sítio oficial

03 novembro 2005

big brother is watching you



são cada vez mais os instrumentos introduzidos no nosso uso quotidiano que são facilitadores e constrangedores do espírito de liberdade individual e/ou colectiva

neste âmbito, encontram-se sobretudo as novas tecnologias de comunicação, e outras formas de acesso, controladas por meios electrónicos

não há dúvida nenhuma que a sua utilização veio em muito alterar radicalmente necessidades e comportamentos. o telemóvel, por exemplo, é um instrumento que rompeu com o carácter fixo e estático de ter de se encontrar num ponto referencial para estar contactável, e permite hoje a cada um de nós estar contactável a toda a hora em praticamente todo os pontos (dentro do raio de cobertura da rede, que grosso modo atinge níveis perto dos 100% em território nacional)

se introduz esta libertação de constrangimentos anteriores, permite também comportamentos redutores no sentido de limitar ou controlar a liberdade e ‘monitorizar’ a ‘livre circulação’ de qualquer indivíduo, possibilitando, por exemplo, a localização no tempo e no espaço

na verdade tal facto acontece já em mil e uma acções, diria, insignificantes do quotidiano: quando se levanta dinheiro no multibanco, comprar um par de sapatos, jantar, viajar e passar na via verde, e por aí fora, permitindo refazer os percursos e acções, e nalguns casos até preferências e gostos individuais

até o simples facto de os novos telemóveis 3g permitirem conversações vídeo são já um meio simples, mas eficaz, de controlo sobre outrem

isto tudo a propósito de um suposto serviço que a optimus proporciona, pelos visto há imenso tempo, e que não é muito publicitado (nunca dei por tal), e que descobri acidentalmente numa pesquisa paralela na Internet, em que se pretendendo buscar determinado assunto, aparecem resultados de mil e uma coisas sem fim, não necessariamente relacionadas

esse serviço, denominado ‘ponto x’, permite localizar, entre outros, os ‘entes queridos’, realçando a operadora que a localização só é realizada quando o utilizador a autoriza previamente

se já se sabia desde há muito que tal localização era possível, tudo bem. agora tornar possível a cada utilizador a localização de outrem a pedido, a cada momento que lhe apetecer, sem razão fundamentada que não possa ser relacionada a uma razão de forma maior avalizada socialmente e legalmente, parece de facto uma intromissão exagerada, e uma permissão ao cidadão comum de ingerência e controlo da liberdade de circulação dos outros

e com o apetite nacional para tudo o que seja meter a colherada na sopa alheia…

1984 / george orwell (1948)
edição online em:
http://www.online-literature.com/orwell/1984/

are you sad? everybody is sad!



kenji (tadanobu asano) é um personagem extremamente complexo que se esconde por trás da figura de um pacato bibliotecário japonês destacado num serviço cultural na tailândia. é obsessivo-compulsivo e nutre um fascínio particular pela morte, tendo desenvolvido tendências suicidas

mas como ele diz, no inicio do filme, os motivos que o levam a tentar cometer suicídio estão longe de ser os habituais relacionados com problemas pessoais, profissionais ou económicos. ‘tenta’ porque sempre que kenji engendra uma nova forma de terminar com a sua vida, no momento da sua efectivação, há sempre algo, ou alguém que o impede, por acaso: quer seja a campainha, o despertador, o irmão que chega a sua casa para o visitar, etc

solitário, vivendo num país que lhe é estranho, e sem dominar a língua, kenji vai resistindo aos avanços da sua colega, enquanto simultaneamente dedica a sua atenção a observar nid (laila boonyasak), uma jovem frequentadora da biblioteca, levando posteriormente para casa o mesmo livro que ela tinha consultado: um livro de literatura infantil, que a tradução para o inglês intitula de ‘the last lizard’ (*), mas cujo título será mais próximo de ‘the other side of loneliness’

‘one day the lizard woke up and realized, that it was all alone on this earth’. assim começa o livro. certamente, que este facto será razão fundamental de várias situações em que se observam lagartos nas diferentes cenas. e kenji a personificação do lagarto, desenvolvendo assim particular ‘ligação’ com a jovem

as vidas de kenji e noi cruzam-se devido a uma sucessão de acontecimentos, com tanto de inesperado como de trágico. depois de assistir à morte do irmão, em sua própria casa, e vingando imediatamente assassinando o mafioso com a arma que curiosamente tinha adquirido para por termo à sua vida, kenji decide suicidar-se atirando-se de uma ponte. esta nova tentativa é travada pelo impacto de um acidente que ocorre justamente na ponte, depois de nid sair abruptamente do carro onde seguia com a sua irmã, noi (sinitta boonyasak), em virtude da briga que vinham tendo, e ser mortalmente atingida [nid e noi são, na realidade, irmãs]

a partir daqui desenvolve-se uma relação entre estes dois personagens, que acabaram por ter perdas semelhantes em tão pouco espaço de tempo: ambos perderam os irmãos. mais do que isso, ambos encontram-se numa encruzilhada nas suas vidas. sem destino visível e previsível refugiam-se na ‘companhia física’ um do outro após kenji pedir a noi para passar uns dias em sua casa. mas as semelhanças acabam aqui: eles não podiam ser mais diferentes

num filme construído em torno de um jogo infinito de inversões e opostos, com personagens estrangeiros em países distantes, o protagonista japonês que mora na tailândia e a tailandesa prestes a mudar-se para o japão, kenji e noi constituem duas personalidades diversas que precisam de aprender a conviver, e que de um modo inesperado se vêem numa situação onde têm de partilhar a casa, e de certo modo as suas vidas, ainda para mais com alguém que é a sua verdadeira antítese. kenji vê-se assim mergulhado num mundo de desarrumação e desorganização que lhe é completamente estranho, ele que compulsivamente tem tudo organizado e catalogado, limpo e arrumado

no fundo são duas pessoas que se vão conhecendo e, apesar das suas visíveis diferenças, vão criando laços, ao ponto de se gerar uma certa forma de amor. mas esta relação é construída numa linha muito ténue e assente numa grande tensão, onde a cada instante se gera uma intensa mediação entre as suas vidas e temperamentos opostos e distantes. desde logo os jogos de silêncio, próprios e simultaneamente impostos, já que um não fala a língua do outro, onde acabam por dialogar em inglês

o filme apresenta sentimentos bem reais e comuns, vistos de uma forma peculiar e cativante, podendo-se assistir a uma talentosa construção de um contexto onde se alternam de forma absolutamente coerente presente-passado (e, futuro), sonho-realidade, vida-morte, ordem-caos.

talvez seja esta última oposição a mais marcante no filme, enquanto kenji ajuda a ordenar a vida de noi, pacientemente arrumando a sua casa transfigurando-a completamente [tendo inclusive gasto cerca de 1,350 baht em produtos de limpeza (cerca de 30 euros)], a acção de noi tem o papel de reintroduzir um pouco de caos na vida do bibliotecário. será possível que os dois venham a formar, à sua maneira, uma espécie de par perfeito?!

é um filme cativante, em que à medida que as personagens se descobrem, tem uma extraordinária capacidade de seduzir o espectador, num jogo fascinante em que a narrativa se constrói e desconstrói a cada momento

à sua maneira, este é um filme de amor. o título tailandês significa, literalmente, ‘história de amor, pouco, grande’ num jogo de palavras com noi e nid que significam ‘pouco’ e ‘pequeno’ respectivamente. as duas palavras são também os nomes das duas irmãs, de tal modo que o título poderá também significar ‘história de amor de noi e nid, grande’ (mahasan = infinitamente muito, grande quantidade), o que poderá resultar em ‘pequena história de amor que é grande’

a destacar ainda a excelente cinematografia que ficou a cargo do conceituado christopher doyle (habitual colaborador de wong kar wai), e que consegue fotogramas de grande beleza e ao mesmo tempo de um grande realismo, dando um ar mais terreno a história

a reter igualmente a tocante banda sonora da autoria de hua-lampong riddim. fica aqui uma pequena amostra com esta faixa:
gravity / hua-lampong riddim featuring dharini divari (last life in the universe, 2003)
clicar aqui para ouvir

curiosidade:
o hino nacional tailandês é difundido todos os dias, às 8 da manhã, na rádio e na tv. o hino é ouvido imediatamente antes de se ver kenji e noi em casa de noi

última vida do universo / last life in the universe / ruang rak noi nid mahasan
pen-ek ratanaruang, 2003
sítio oficial

(*)
visto como uma referência ao importante e reconhecido autor nipónico yukio mishima, que cometeu seppuku / hara-kiri (suicídio espetando uma pequena faca no estômago), e que participou no filme 'black lizard' / kurotokage (1968), dirigido por kinji fukasaku

02 novembro 2005

have you ever seen...

...my blog

have you ever seen the rain?
credence clearwater revival (chronicle, vol. 1, 1994)
clicar aqui para ouvir

01 novembro 2005

a minha primeira vez...

...no flash

exercício 1
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exercício 2
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exercício 3
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sonhos desfeitos



é desta forma que começa a crónica do sítio da uefa sobre este jogo

impensável

o fc porto nunca esteve tão perto de ganhar ao inter como esta noite, e no entanto, não soube aproveitar as fragilidades desta equipa nem as incidências envolventes, nomeadamente de tirar partido do jogo se ter realizado sem espectadores, mais parecendo um jogo treino

talvez tenha até virado o jogo ao contrário, se o pensamento da vitória adquirida antecipadamente ao apito final, complementada com a sensação de treino, tomou conta do espírito do treinador e contaminou os jogadores


indispensável

por favor, mesmo para quem vê futebol na televisão, o público no estádio é fundamental

inter milan 2 : 1 fc porto

no reino da aparência



uma ilha mítica no arquipélago dos açores corre o risco de desaparecer por falta de população. adriana / ana moreira, filha do mais abastado patriarca, é enviada ao continente com a missão de ‘constituir família por métodos naturais’.

em poucas palavras, esta é a linha que guia adriana na sua viagem tentando cumprir a tarefa que o próprio pai lhe incumbiu, deste de ter sido ele mesmo o causador da ‘maldição’ a que a mítica ilha se submeteu, quando ao tempo do parto de adriana, sua mãe padeceu, e edmundo bettencourt da câmara peixe clama o juramento fatal de que ‘nunca mais se há-de nascer na ilha, nem sequer fornicar’

da calmaria da ilha imaginada, da sua pureza e inocência rurais, a doce e impoluta adriana cai na dura realidade urbana lisboeta, com os seus constantes perigos e ameaças

o que se suporia que seria o prosseguimento da trama, acompanhando a decadência e a perdição pelos recantos macabros da vida dura na grande cidade, não tem necessariamente lugar. adriana nunca caiará em todo o mal, embora passe por lá perto, sem no entanto sequer se aperceber de tal mal, mas também nunca encontrará a sua redenção.

adriana vive assim num pequeníssimo limbo, de somente alguns solavancos, sem grandes geringonças nem altos e baixos, numa história que poderá ser alguma coisa, mas que nunca chega a ser nada

é, no entanto, um filme que faz uma viagem pelo portugal, ou pelos vários países dentro de um, evidenciando as suas ‘múltiplas vozes, cores, pronúncias, cantos, classes e trabalhos’. é uma história de falsidades ou de inverdades, onde tudo aparenta ser, mas não é: é tudo falso, mas falso do melhor que há! diz a falsária que se fez passar por adriana. dos travestis que são mulheres sem o serem, das performances em playback, do miúdo motorista que não o devia ser…

ele há toda a referência a um portugal que existe sem o ser, e a um portugal que o é sem existir verdadeiramente

adriana é um exercício agridoce de reflexão sobre o país, que lança olhares irónicos, e por vezes cruéis, assentes na descrição de situações que roçam o grotesco e o cómico, que oram pedem crítica feroz, ora aspiram por compaixão, num tom que balança em torno do ‘trágico e do lírico’

há contudo, registos de desequilíbrios, ora em situações que se nos parecem irreais, demasiado idealizadas, contra natura, ora em diálogos que nuns casos parecem adequar-se, noutros há um assomo repentino de uma descarga de verborreia literária que quebra toda a espécie de verosimilhança com qualquer situação real

em casos, verifica-se também uma fragilidade ao nível da construção das personagens, que parecem não ter profundidade, estão mesmo ali para desempenhar aquele papel superficial

entretanto, há a nota de merecimento de romper com ditames convencionais, com uma linha de argumento que foge do lugar comum, e percepciona-se um grande trabalho ao nível do adensar de pequenos elementos complementares, ou adornadores da história simples. o resultado, é que muitos destes contributos são desproporcionais, pensando-se: faria diferença para o filme se ali estivessem?

o grande condão centra-se na imagem e interpretação da personagem de adriana, no seu rosto e no seu corpo, que com a sua simplicidade de gestos e de movimentos, tem o seu não-sei-quê de beleza cândida que gera um efeito de ‘cativo’ no observador

adriana (margarida gil, 2005)
site oficial

(*) imagine-se encontrar aqui de novo a contraposição urbano – rural. parece que de facto o país vive de facto numa luta visceral entre o passado e o futuro, entre o que é e o que gostava de ser

wallace & gromit



depois das curtas metragens ‘dia de folga’ (1989), ‘as calças erradas’ (1993) e ‘wallace & gromit: a close shave’ (1995), nick park e steve box trazem de volta ao ecrã wallace, um inventor distraído e o maior admirador de queijo do universo [everyone knows that the moon is made of cheese] e o seu fiel cão ainda mais genial que o dono, agora em versão alongada para puro deleite dos fãs

recordo-me perfeitamente de um dos primeiros contactos com estes personagens deliciosos, já lá vão quase dez anos, numa das iniciativas do então activíssimo núcleo de cinema da universidade de aveiro, ainda no 2002, desde há muito encerrado

wallace & gromit são uns personagens animados produzidos com base em bonecos de plasticina. a produção de uma filme como este é uma operação megalómana, sendo como é filmado recorrendo à técnica de ‘stop motion’, ou seja para gerar um segundo de filme é necessário alterar trabalhar os movimentos de todos os elementos do cenário por 24 vezes

steve box compara desta forma esta produção de animação de volumes fotograma a fotograma, que demorou 5 anos a preparar: ‘fazer um filme destes com 85 minutos de duração é como construir a grande muralha da china com fósforos’

mas vamos ao filme

de novo os heróis engendram-se numa série de peripécias, desta feita encontra-se estabelecidos numa empresa ‘anti-peste’ de exterminação de coelhos (a fazer lembrar os caça-fantasmas), que arruínam as plantações de vegetais, tão caras aos habitantes da vila, para mais quando se aproxima o festival anual de legumes gigantes

mas eis que surge uma peste difícil de combater, que toma corpo como coelhomem (uma adaptação da figura do lobisomem), e que vai colocar em causa a reputação dos heróis e a organização do festival

pelo meio, há um sem fim de situações absolutamente fantásticas e extremamente hilariantes, e referências a algumas peças cinematográficas, tais como o king-kong (e as outras já referidas atrás). são de pasmar os cuidadosos pormenores dos objectos, das personagens, dos cenários

fantabulástico

wallace & gromit: a maldição do coelhomem (nick park e steve box, 2005)
site oficial